sexta-feira, 18 de julho de 2014


Os poemas foram publicados para votação sem nome do autor e 
sem ordem de classificação.




1


Flor(e)Ser

A cada seis meses
tudo muda.

Esperei mais de seis,
primeiro foi a semente,
depois a raiz.

Com o tempo
veio o tronco,
os galhos
e a copa.

Floresceu, cheirosa.
Linda
e formosa.

Mas em seis meses
chegou o outono.
As folhas secaram
e cairam.

No inverno
já não sobrava nada
apenas galhos secos.

Hoje nossa árvore foi cortada
a cada noite fria
eu corto um pedacinho.

Ainda tenho o calor
do nosso amor
na lareira.





             2

O outro e os pássaros

O outro é o irmão amparado
                              na cruz;
o outro é a bagagem de amor
e de sonho contra a canção
                                do abismo;
o outro é o tempo líquido na
mão direita, o sol na pele
                                 da verdade;
o outro é o espelho,
os cães caçando,
o coração do pássaro azul
voando pela janela;
o outro é a ponte
sobre o desfiladeiro;
a lâmpada acesa
                na casa escura;
o campo de trigo sob a chuva;
a árvore cheia de pássaros e frutos;
uma rua sem nome, quando os caminhos foram
                                 desfeitos;
o outro é você mesmo, seu sonho e
sua história, sua vocação para a eternidade.


 3

A árvore da literatura

A árvore da literatura
Plantada na humanidade
O autor imprimiu assinatura
Regada por toda eternidade

Na primavera gerou flores
Frutificou versos formidáveis
As folhas de variadas cores
Seguras em raízes confiáveis

O outono secou os galhos
Melancolia típica da estação
Mas não pararam os trabalhos
Das frutas secas sobre o chão

Uma semente ali germinou
Insistiu com a sua teimosia
Em solo fértil brotou
Um lindo “Pé de Poesia”.





 4

Árvore
(Aldravias)


I
semente
casulo
chão
acolhida
terra
útero


II
solo
gesta
mistério
devir
de
árvore


III
broto
frágil
preâmbulo
vergel
vida
renovada


IV
zelo
viço
esperança
verde
quero-te
verde




V
ascensão
vereda
do
sol
luz
calor


VI
tronco
vigor
galhos
folhas
flores
frutos


VII
sombra
alimento
oxigênio
futuro
planeta
grato


VIII
fauna
a
lanço
novas
sementes
re-ciclo


5

Arborescência

Fui semente!
Brotei.
Ganhei tronco
E membros.
Ramifiquei.

Em minha arborescência
Adquiri consistência.
Da minha árvore genealógica,
Cultivei a essência.

Plantado em solo fértil,
Vislumbro arvoredos
E passaredos.
Gero bons frutos,
Colho seus desfrutes.

Hoje sou homem-árvore
Provido de um norte:
Raiz forte fincada no passado;
Caule espesso elevado ao presente;
Galhos e mais galhos estendidos ao céu,
Como braços e abraços em copa,
Protegendo a vida,
O futuro em dossel.


 6

Árvore cigana


Partida,
               você é textura e memória.

Escorreu pelos galhos
               das minhas mãos
Seguiu destino cigano
               daqueles que só respiram sem raiz.

Permaneci
              sob o humor do tempo
Galhadas abertas,
              árvore em oração.

Implorei um único milagre
Supliquei a tua volta
Amaldiçoei o teu futuro

O tempo me fez sombra sem frutos.


7

Esperança


Das torres do rádio ao calor do chão
Carrego doze palavras de dor em meu coração
Uma delas é revolta, outra é guerra e as outras se vão
Se perderam ou esqueci pois uma árvore vejo em minha direção
Seu nome, Esperança, para todos aqueles que serão
Donos do próprio destino que só fazem o uso da razão


8
Triste bosque

Ao longe a neblina
Luminosidade baixa
Brumas em lento movimento
Árvores adormecidas
Folhas caídas
Galhos cansados
Vale abandonado
Hoje nada faria
O que via talvez
Nem mesmo existia
O vento poderia apagar
A chuva poderia levar
A imagem triste
Daquele bosque morto
Onde havia um dia
Um coração que palpitava
Com certa alegria


9


Tempo
Folhas secas,
O chão de outono
As árvores tecem ...





10


No horário de almoço,
deitava sempre debaixo
daquela sombra fresca
e miúda.

As frondosas vizinhas
não sabiam mas
a não-árvore, quase arbusto
suspirava feito poeta.

E a menina deitada
com o caderno na mão
escrevia
a sua própria história.



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